Isto já é fato: o ex-prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, PDT, não vai ser secretário de Estado no Governo de Fábio Mitidieri, PSD, conforme foi muito especulado desde antes de ele deixar a Prefeitura da capital.

Mais precisamente, Edvaldo Nogueira não será titular da Sedurbi - Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e Infraestrutura -, que corresponde a uma Secretaria de Obras na esfera estadual. Ou seja: ele não vai pro lugar de Luiz Roberto Dantas de Santana. Aliás, isso já nem é mais uma notícia nova.


Talvez novos sejam os argumentos de Edvaldo Nogueira para justificar esta não ida dele ao centro do Governo do amigo e aliado Fábio Mitidieri. Quem deveria responder pelo fato de o senhor não ir compor com o Governo de Fábio?, perguntou-lhe a Coluna Aparte nesta quinta-feira, 23.

Edvaldo Nogueira não teve o menor receio de dividir meio a meio esta responsabilidade. “Eu acho que nós dois, porque foram uma discussão e uma decisão tomadas conjuntamente. Depois de avaliarmos, ficou posto que Luiz Roberto deveria continuar no comando da Sedurbi”, justificou Edvaldo Nogueira.

Mas por que essa prerrogativa? “Primeiro, Luiz já começou o trabalho como secretário da pasta desde o início do Governo de Fábio, saiu para ser candidato a prefeito de Aracaju, foi ao segundo turno, teve uma votação muito significativa e voltou logo depois. Pela nossa análise, minha e de Fábio, ficou decidido que não teria sentido agora, quando ele está de novo engrenado, eu ocupar o espaço dele”, reforça o ex-prefeito.

Edvaldo garante que “não procedem as afirmações” de que ele forçou para que Luiz Roberto saísse para lhe dar a vaga na Sedurbi. “Nunca forcei barra. Não houve isso de jeito nenhum. Foi bem ao contrário. A permanência foi um consenso entre nós, incluindo a ele. Não procede, também, a informação de que Luiz não quisesse deixar a Sedurbi e que isso tivesse gerado algum mal-estar para o governador. Que eu saiba, não. Pelo menos Luiz nunca colocou isso para mim. Não acredito nisso. Luiz é uma pessoa muito decente”, disse Edvaldo.

Mas se não vai ao Governo do Estado, o que fará Edvaldo Nogueira na planície, sem mandato e nem função de Estado? “Eu vou terminar o meu mandato na Presidência da Frente Nacional de Prefeitos lá para o fim de fevereiro ou começo de março e depois vou cuidar do PDT e fazer política. Vou continuar fazendo política. Ou seja, fazer aquilo que eu sempre fiz. Vou permanecer dando contribuição ao nosso agrupamento político. Mesmo porque tenho a convicção de que não necessito de um cargo público para fazer política, e é assim que eu vou me comportar”, diz.

“Eu já fiquei várias vezes sem mandato e sem cargos públicos. Essa não será a primeira vez. Nunca achei que fosse condição de vida ou morte eu ser secretário de Estado. Nunca. Obviamente que Fábio Mitidieri tinha dito que poderia me convidar, e até me convidou, e tal. Mas entendemos que Luiz já estava ali e que ali deveria ficar. Eu pessoalmente não tenho mágoa alguma por isso”, diz.

Mas pareceu que o senhor estava preparado para ir à Secretaria, provoca a Coluna. “Preparado eu estou para qualquer coisa, mas veja que nunca dei declarações dizendo que iria ser ou que não iria ser secretário. O governador foi quem disse em determinado momento que eu seria um bom secretário. Mas como quem indicou Luiz Roberto fui eu, ele continua lá como sendo uma indicação minha e do PDT. Claro que é assim: o PDT continua representado no Governo do Estado com a figura de Luiz Roberto. E o fato de eu não ir pessoalmente ao Governo não me gera nenhum desconforto - e reforço: já fiquei várias vezes sem ir a Governo e sem cargos. As conversas com Fábio Mitidieri sobre isso foram amistosas. Conversas como aquelas que se dão na esfera da política. Sem confusão, sem briga”, avisa.

E reforça a lembrança desse estar na planície. “Entre 2013 e 2016, quando deixei a Prefeitura de Aracaju, como eu era filiada ao PCdoB, cuidei desse partido e da minha vida pessoal. Quando deixei a Prefeitura, o governador era Marcelo Déda e nesses quase dois anos - ele falece em 2 de dezembro de 2013 –, não exerci cargo público. Sob Jackson Barreto, ajudei a montar e fui o primeiro presidente da Agrese - a Agência Reguladora do Estado de Sergipe -, fiquei ali entre parte de 2015 e 2016 e saí na fase de desincompatibilização para concorrer ao mandato de prefeito de Aracaju”, diz.

Edvaldo diz que “não tem como avaliar” se a impossibilidade de fechar um entendimento secretarial com Fábio Mitidieri teria algo a ver com uma possível harmonização entre o governador e André Moura, dono do União Brasil em Sergipe. “Não posso responder por isso, mesmo porque não tenho conversado com André Moura há muito tempo e ninguém nunca expressou pra mim que tivesse havido pressão de A, de B ou de C. Se teve, eu não sei. Quem pode responder isso não sou. Porque não teria sido eu o pressionado”, diz.

Evaldo Nogueira vê “excentricidades sem provas” nos que acham que ele deixou o governo de Aracaju estribado em recursos financeiros fora da normalidade e de modo nada republicano - tem gente, sim, que pensa assim. “Isso não tem o menor cabimento. Fui prefeito por oito anos, sou uma pessoa contida no terreno dos gastos pessoais e fiz minhas economias que podem assegurar a falta de uma remuneração específica por um período de tempo que me ligue a uma nova função pública”, diz ele.


FONTE: JL política/Jozailto Lima

Deixe seu Comentário